Urika Coimbra
Do Autódromo de Jacarepaguá
16 de novembro 12h36
Rodrigo Sperafico cresceu dividindo com o irmão gêmeo Ricardo os desafios da profissão. O pai, Dilso Sperafico, que foi piloto de turismo e Fórmula Super-V, passou aos filhos a paixão pelo automobilismo e batalhou para que chegassem onde estão. Não é à toa que Rodrigo responde no plural sobre tudo o que se refere aos caminhos que percorreu para ser um piloto profissional. Conheça um pouco mais sobre o Sperafico que somou duas vitórias na temporada 2007, chega ao fim do campeonato brigando pelo título e faz da Copa Nextel a sua prioridade.
STOCK – Na sua história, tornar-se piloto foi uma escolha por vocação ou por influência?
RODRIGO – Tem gente que já nasce com dom. Não nasci gostando de corrida. Meu pai nos contagiou e virou uma paixão. Foi por influência dele que nos especializamos em automobilismo e nem deu tempo de considerar uma profissão diferente. Ele nos pegou de calça curta, entramos nisso e não pensamos mais em outra coisa. Não me imagino seguindo outro caminho. Ele sempre incentivou, dava tudo para não faltar condições. Nunca exigiu nada, só pedia para fazer direito e dar valor, porque ele estava se sacrificando. Hoje, olhamos tudo e temos uma idéia do que ele passou. É uma lição.
STOCK – Quando a brincadeira virou profissão?
RODRIGO – Começamos no kart com nove anos. Quando criança você não sabe ainda se é sério e nem pensa em futuro. Meu pai foi nos mostrando a direção. Aos 16 anos, deixamos o kart e fomos para a Europa, ali eu percebi que o passo era mais largo. Começamos a entrar no mundo do automobilismo e ver uma possibilidade de nos profissionalizar. No momento que você dá um passo maior percebe um pouquinho melhor as transformações que estão por vir.
STOCK – O que seria diferente na sua trajetória sem o seu irmão?
RODRIGO – É difícil dizer por que eu nunca estive sozinho. Nascemos juntos, começamos a correr juntos e nunca ficamos separados. Passamos boa parte do tempo como companheiros de equipe. Andamos bem, sempre alternando; quando um era campeão, o outro era vice; um andava melhor, o outro não. Eu não sei dizer como seria sozinho. Por uns três anos corremos em categorias diferentes; ele nos Estados Unidos, eu no Brasil. Quando isso aconteceu sentimos bastante falta. Viu como as coisas são? Ele voltou para a Stock Car e agora estamos juntos de novo.
STOCK – Como lida com as pressões, cobranças e expectativas?
RODRIGO – Eu sou meio tranqüilo, bem conservador, nunca fui muito afoito. Deixo as coisas acontecerem dentro do prazo. Sou calmo, disciplinado. Estamos nesse meio desde criança e sabemos como lidar com a ansiedade. Acho que essa é a nossa profissão. Fomos abençoados porque todo mundo gostaria de estar numa situação assim. A única coisa é que eu gostaria que existissem mais finais de semana trabalhando em corrida, não apenas 12 vezes ao ano. Às vezes até falta alguma coisa para preencher o tempo vago.
STOCK – O quanto a sua vida foge dos padrões normais?
RODRIGO – Difícil perceber essa diferença porque estamos no automobilismo há 18 anos. Acaba sendo uma coisa normal. É legal ver a reação dos outros, todo mundo acreditando e torcendo, porque na Europa a não tínhamos isso. Aqui todo mundo acompanha, tem a família, a Globo dando cobertura, você nota que está pegando força. As pessoas passam a cobrar um pouco, querem resultados, mas eu nunca estive tão bem.
STOCK – Já consegue pensar em férias?
RODRIGO – Merecemos uma prainha básica, como qualquer ser humano. Provavelmente passarei uns dias em Florianópolis, como é pertinho de Curitiba, está na mão.
STOCK – Você gosta de morar em Curitiba?
RODRIGO – Faz três anos que moro lá e já tenho um círculo de amizades muito bom. É uma cidade grande, boa para se morar e a minha equipe é de lá, tudo fica mais fácil. Para mim é um ponto estratégico, se precisar ir a São Paulo ou Rio, é uma boa saída.
STOCK – Quais são as suas prioridades atuais?
RODRIGO – O automobilismo, porque agora é profissional. Dou prioridade total à Stock Car, pois nunca tive num momento tão bom, disputando o titulo. Não envolvo nada no meio, o foco será total nas corridas até o final do campeonato. Depois que terminar, veremos o que fazer no próximo ano. Mas hoje é 100% Stock Car. Lógico, tem que se preparar fisicamente, também há negócios paralelos, o escritório em Curitiba. Busco aprender, evoluir um pouco, porque não vou correr até os 90 anos de Stock. Pensamos em algo paralelo para preencher o tempo e viver melhor.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
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