segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Pilotos da Stock Car visitam Meninos do Morumbi, em São Paulo

Urika Coimbra
Do Autódromo de Interlagos
6 de dezembro 21h37

Há dez anos o músico e maestro Flávio Pimenta deu início ao trabalho realizado com meninos carentes do bairro do Morumbi, em São Paulo. Morador da região, Flávio levou para a sua própria casa três garotos que se banhavam no lago onde costumava passear. Dependentes químicos, sem roupas, sem comida e sem teto, chegaram à casa do músico desconfiados. Assim começou a instituição Meninos do Morumbi, que hoje transforma a vida de mais de 3 mil jovens sob uma estrutura impressionante. Com salas de aula, quadra de ensaio, estúdio de rádio, instrumentos e professores gabaritados, os meninos aprendem lições que vão muito além do ritmo dos tambores.

Nesta quinta-feira, 6 de dezembro, os pilotos Cacá Bueno, Luciano Burti, Daniel Serra e Rodrigo Sperafico foram ao espaço para conhecer o trabalho realizado pelo Meninos do Morumbi. Os jovens cantaram ao vivo, tocaram instrumentos e dançaram coreografias em apresentação exclusiva aos pilotos da Stock Car, que no final do encontro também entraram no ritmo e aprenderam alguns batuques nos tambores durante uma aula que acontecia na instituição.

Todos ficaram muito impressionados não só pela história do Flávio, que é emocionante desde o começo, mas pelo seu envolvimento em uma causa tão nobre e carente no país. Preocupados com os problemas sociais, os pilotos vivem a realidade que aflige todo o povo brasileiro. Pouco temos a chance de investir tempo e dar o nosso apoio a atividades assim. Estar ali foi uma lição para cada um deles e uma alegria que compartilharam ao conhecer uma instituição organizada, empenhada, com pessoas trabalhando em algo tão importante.

“Fiquei muito bem impressionado com a excelente idéia do Flávio, que é proporcionar esse ambiente e a música, justamente, para tirar a meninada da rua, mostrando que existem outras possibilidades na vida, não necessariamente o lado musical, mas que existem outras coisas, que eles têm capacidade de fazer com base também nos estudos que incentivam no inglês, nos esportes, no aprendizado geral. É uma iniciativa muito bacana e ele foi responsável desde o inicio, não é que ele fez por acaso, ele fez com uma boa intenção e chegou até aonde ele está. Então é muito impressionante e está mais do que de parabéns”, disse Luciano Burti durante a visita.

Cacá Bueno ficou surpreso por conhecer um espaço como este no Morumbi e saiu de lá feliz pela oportunidade de encontrar os meninos da instituição. “Fiquei surpreso pela quantidade de jovens que eles ajudam, garotas e garotos que estão no projeto. Nós, que somos mais bem-sucedido na vida e que, de repente, tivemos um pouco mais de sorte e também trabalhamos competência para chegar a esse ponto, temos a obrigação ajudar e colaborar. É sempre bonito ver pessoas engajadas num projeto social, cujo principal objetivo é tirar as crianças da rua para ensinar valores de família, de parceria, de trabalho. Estou feliz de ter vindo aqui. Sempre que dá fazemos esse tipo de visita a projetos sociais ou a hospitais. Estou bastante surpreso de uma forma positiva e tomara que esse exemplo do Morumbi seja tomado por muitos lugares não só em São Paulo, mas no Brasil inteiro”, declarou o bicampeão.

O paulista Daniel Serra conhecia apenas o lado musical do projeto e achou muito positivo descobrir que cada criança e jovem adquire diversas habilidades através da convivência no espaço do Morumbi. “Gostei bastante. Achava que era só a parte de música, e agora conhecendo a estrutura que eles têm e o que eles passam, percebi que eu tinha realmente uma impressão diferente. O Flávio nos explicou que a música é um valor a mais que eles querem dar para as crianças. Fiquei impressionado com todas as atividades que fazem: esportes, jiu-jitsu, inglês, rádio. É muito legal mesmo. O Flávio é uma das pessoas que se esforçam para mudar a nossa realidade. Se existissem mais projetos como esse estaríamos numa evolução mais rápida.”

Rodrigo Sperafico, que está na briga pelo vice-campeonato da Copa Nextel, fez elogios ao trabalho de quem sabe lidar com as pessoas e transformar a realidade para melhor. “Fiquei impressionado, não achei que fosse tão grande assim. Como eu falo, todo mundo tem o dom para alguma coisa. Como alguém pode ser enfermeiro ou médico? Admiro muito quem consegue lidar com as pessoas. Ele teve o dom de acolher todas as crianças e fazer esse mega-empreendimento sem fins lucrativos, com todo mundo apoiando; eu vi que o presidente Bush veio aqui, então, não imaginava que era dessa grandeza. Deviam existir mais pessoas assim e poderíamos até tentar dar um apoio para atingir outras regiões do país. Você vê que Deus é justo, temos pessoas que fazem o bem e às vezes demoramos para ver. Querendo ou não temos preguiça de ir e tentar ajudar, mas precisa vim e ver para conhecer a realidade. Se surgir oportunidade, temos que dar apoio e acreditar que tem solução”, comentou Rodrigo.

O presidente e fundador do projeto, Flávio Pimenta, agradeceu a visita dos pilotos da Stock Car e reconhece a importância desse apoio para o futuro do Brasil. “É uma honra receber os pilotos e nós crescemos muito nestes dez anos ampliando a nossa rede. A vinda deles não vai parar por aí, com certeza, queremos trazê-los de volta. Gostaria que eles conversassem com as crianças e elas conhecessem suas histórias individuais e as dificuldades que passaram porque isso faz com que elas aprendam. Todos aprendem infinitamente mais pelos exemplos do que pelas teorias. O automobilismo é uma paixão no Brasil, como a música. Isso começou de uma maneira bem informal, há dez anos, catando as crianças para ensinar música na minha casa. Quem sabe contaminamos esses pilotos, esses amigos, enfim, para começarem também um programa que possa ajudar os menos favorecidos? Isso faz uma diferença brutal no Brasil onde existe, principalmente, uma juventude muito abandonada”, concluiu Flávio.

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