segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Entrevista: Kaká

Do topo, ele olha para cima

Suas atuações em 2007 lhe renderam os prêmios individuais mais importantes do futebol mundial. Ninguém questiona: o brasiliense Ricardo Izecson dos Santos Leite chegou ao topo. Auge da carreira? Ainda não. A palavra auge sugere “o máximo grau”, “o apogeu”, e Kaká, 25, quer mais. No momento em que foi eleito o melhor do mundo pela Fifa, o craque já sonhava com novas conquistas. Para o meia do Milan, ganhar uma vez não basta. É com a motivação de um vencedor incansável e foco no trabalho que pretende elevar o seu premiado futebol a outros topos.

Urika Coimbra (para o site do Galvão Bueno)

Antes de se tornar profissional, você chegou a pagar para jogar bola. De onde tirou apoio e incentivo para batalhar pelo seu sonho?
Kaká – Paguei para jogar futebol até começar a jogar pelo Amador do São Paulo, onde passei a ganhar uma ajuda de custo. Antes disso, na minha primeira escolinha de futebol, eu pagava. Quando entrei no social do SPFC pagava também. Sempre foram meus pais que me deram apoio e incentivo.

Ao longo dos anos, desde a estréia no São Paulo Futebol Clube, você mudou muito como jogador e como pessoa?
Kaká – É interessante porque tive uma mudança sim, tanto como jogador, como pessoa. Mas foi mais uma adaptação do que uma mudança. Com todas as coisas acontecendo – sucesso, fama, etc.. – você tem que ir se adaptando e isso gera mudança.

Transferir-se para um time de ponta da Europa, como aconteceu em agosto de 2003, data da sua ida para o Milan, era um dos seus objetivos no início da carreira. Foi determinante sair do Brasil para alcançar um bom nível profissional?
Kaká – Só Deus sabe o que teria acontecido comigo se ficasse no Brasil. Mas acredito que na Europa evoluí muito e aprendi muita coisa. A concorrência força a aprender e aprender rápido, por isso acho que em um grande clube europeu você cresce mais ou, então, passam por cima de você.

O troféu de melhor jogador de futebol do mundo, pela Fifa, representa uma consagração individual máxima. Do alto deste topo, como avalia a necessidade de se impor novos objetivos?
Kaká – Acho fundamental viver por objetivos. E correr sabendo onde quero chegar. Se venci uma vez, agora, quero vencer outra e para isso preciso passar por etapas que são conquistas, com o Milan e com a Seleção.

Uma nova meta é vencer com a Seleção em Pequim na conquista do ouro olímpico, inédito para o Brasil?
Kaká – O ouro olímpico é um grande objetivo do futebol brasileiro. A minha convocação dependerá de muitos fatores, entre eles um acordo entre o Milan e a CBF, já que não e uma competição da Fifa.

Jogar na Seleção, ser campeão com o seu time na Europa, ganhar o troféu de melhor do mundo, entre tantas outras conquistas, reforçam o brilho da sua estrela. Mesmo assim, vemos um Kaká que marca, corre atrás do jogo e atua como um jogador comum. É um estilo que busca manter? Considera uma qualidade fundamental para ser vitorioso?
Kaká – Considero sim. Nunca penso que alcancei o meu auge. Sempre temos alguma coisa para aprender e melhorar. No futebol, como é um esporte coletivo, aprendi que dependo muito dos meus companheiros e que eles dependem de mim. Se olham para mim e eu estou correndo, é uma motivação para eles também.

Em comparação com outros brasileiros, que assim como você chegaram ao topo, mas, não entanto, têm suas habilidades questionadas atualmente, teme um dia passar por isso também? Inovar é um desafio que pode ajudar?
Kaká – Como disse, ter objetivos é sempre uma grande motivação. Inovar é fundamental e lembrar do trabalho que fez para chegar ao topo, só assim você poderá chegar lá de novo.

Disputar a Copa de 2014, no Brasil, aos 32 anos, é um sonho possível?
Kaká – Vamos ver em que condições chegarei aos 32 anos como atleta.

Casamento, família e religião são valores fortes na sua vida. De que forma você equilibra o lado profissional com o pessoal?
Kaká – Procuro ter sempre prioridades. Faço as coisas respeitando as minhas prioridades e esses valores citados têm sido prioridade na minha vida.

A mídia costuma afirmar que o Kaká foi programado para vencer. O que melhor descreve a sua trajetória vitoriosa?
Kaká – Sempre fui a favor do trabalho. Não tem nada que substitui o trabalho. Se, hoje, sou considerado um vencedor foi como diz o livro do Bernardinho ,“Transformando Suor em Ouro”, e aprimorando o dom que eu tenho.

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