Urika Coimbra
Do Autódromo de Interlagos
10 de dezembro 17h59
A última etapa da Stock Car Light começou de forma complicada antes mesmo do acidente fatal na sexta volta com o piloto Rafael Sperafico, que corria pela FTS Competições. Com pouco tempo de prova, por duas vezes o safety car entrou na pista. Carlos Montagner, diretor da prova, fez a primeira intervenção quando o carro de Leonardo Burti, da Hot Car Competições, ficou atravessado na pista. O mesmo ocorreu algumas voltas depois com o carro de Norberto Gresse, da AMG Motorsport.
Na volta seguinte à segunda relargada, no momento em que os carros saem da curva do Bico de Pato e entram na curva do Mergulho, o carro de Rafael Sperafico sai da pista pelo lado direito, segue pela área de escape e um pouco antes da curva da Junção choca-se lateralmente com o carro de Luis Carreira, da Carreira Racing. “Com isso, o carro do Carreira roda, o carro do Rafael Sperafico sai de lado novamente e anda um pouco na grama. Foi quando a televisão cortou a imagem para mostrar o outro pelotão”, comentou Montagner.
“Logo em seguida, volta a imagem frontal, onde ele faz a curva do Café. Quando começa a entrar na reta dos boxes escapa para o lado direito, bate de frente nos pneus, roda voltando à pista com o lado do piloto a favor dos carros que vinham. Se não me engano, dois conseguem desviar do carro do Rafael, mas o Renato Russo não conseguiu, então ele bateu de frente no meio do carro, na parte onde tem a porta”, explicou o diretor da prova, que como todos ficou impressionado com a brutalidade do acidente.
“É impressionante. Voa fibra de vidro para tudo quanto é lado. Se não tivesse essa carenagem, que é só a bolha, não teria todo esse mundo de coisas voando, mas o Rafael, realmente, não escaparia. O impacto foi muito forte, eu calculo que o Russo deve ter batido nele a uns 180 km/h. Da maneira como recebeu o impacto, era muito difícil qualquer piloto sobreviver.”
Foram quatro acidentes com vítimas fatais ao longo de 28 anos de Stock Car. Carlos Montagner, mesmo sabendo que fatalidades acontecem, sonha com o ideal de nenhum arranhão. “Nós gostaríamos que qualquer corrida não tivesse nada disso. O automobilismo é um esporte de risco. São máquinas controladas por homens. Elas podem falhar ou os homens podem errar. Por isso que, cada vez mais, os carros são mais seguros para evitar essas falhas, tanto do piloto como da parte estrutural do carro. O ideal era que não houvesse nunca nada, nenhum esfolão, nenhuma dorzinha de cabeça, o ideal do ideal, mas não existe isso. É um esporte de risco e quem participa sabe que está sujeito a qualquer coisa como, infelizmente, aconteceu com o Rafael.”
Carlos Montagner também lamenta que críticas ao circuito e à categoria sejam apontadas como responsáveis pelo acidente. “Vão falar que o carro não tem segurança, que o autódromo não tem segurança, que foi a proteção de pneus, que a área de escape deveria ser maior. Alguém vai querer achar um culpado, como sempre acontece em um acidente assim. Vão achar alguma desculpa para dizer ‘é esse que foi o culpado pela morte do Rafael’. É uma indignação muito grande que existam aproveitadores em cima disso. O circuito é aprovado pela Federação Internacional de Automobilismo para o mundial de F-1.”
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
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